quarta-feira, 22 de abril de 2009

Curitiba - Brasília - Curitiba - Final

Curitiba – Brasília – Curitiba – Final

Dia 18/04 – Noite.

Jantar Baile: AABB.
Ótimo. Não posso falar mais sobre o evento, pois tive que ausentar-me bem mais cedo. Tão logo provei o jantar, fui dormir, pois no outro dia pela manhã teria que iniciar minha jornada de volta. Não é de bom alvitre fazer uma viagem de moto de ressaca e com sono. Como bom menino, fui me recolher. Então, verei os pés-de-valsa através das fotos do Dorini.

Dia 19/04 – A volta
Os planos de retorno foram alterados. O Lusa, que reside em Ribeirão Preto, relatou-me sobre as condições das estradas naquela região durante o jantar na AABB. O único comentário desairoso foi a quantidade de pedágio, mas que as estradas eram pistas duplas. É por aí que vou. Roteiro: Brasília – Goiânia – Itumbiara – Uberlândia – Uberaba – Ribeirão Preto – São Paulo – Curitiba.
Saída por volta de 07:00 hs. Parece tarde, mas arrumar a tralha toda na moto não é mole, não. Meu objetivo era chegar a Itumbiara – Goiás, para assistir os jogos de futebol das 16:00 hs, por isso, “no stress”.
No trajeto, após Goiânia, um boteco de beira de estrada oferecia paçoca de carne seca para levar. Não “arresisti” e comprei 8 copinhos, de mais ou menos 200 ml cada. Coloquei em um “bornal” impermeável que levava e amarrei no topo da tralha. E vamu que vamu.
Cheguei a Itumbiara por volta das 12:00 hs. Viagem tranqüila, sem nenhuma pressa. Ao dar uma volta na cidade para ver se achava um bom hotel, fui seguido por um carro da PM, com 2 servidores da lei em seu interior. Até aí nada. Fiquei meio “cabreiro” quando a patrulha acelerou, me ultrapassou, ligou a sirene e fechou o caminho da moto, impedindo que continuasse. Desceram os dois. O maior deles, se bem que o menor não era tão menor, veio em minha direção e perguntou de chofre:
- Tá procurando a saída?
Respondi: - Na verdade, um bom hotel.
Ele: - Indico o Beira-Rio, “é” quatro estrelas. (sic)
Abriu um sorriso, e como se fôssemos antigos amigos, disse:
- Sou um Abutre...
Pensei: Eu devo ser a carniça.
Brincadeira. Liguei logo. Abutres é um tipo de associação de motoqueiros. Quem quiser mais detalhes, acesse: www.abutres.com.br.
Tenho encontrado seus filiados em vários eventos de moto.
Eu disse que conhecia vários filiados, citei alguns e, pronto, éramos velhos amigos.
Fui ao hotel indicado pelo “seu guarda” e, surpresa: o melhor hotel que fiquei nesta epopéia. O atendimento e as acomodações superaram qualquer expectativa. Um calor danado, cansado da viagem, e o atendente praticamente me jogando dentro da piscina. Botei um calção e, mostrando toda minha musculatura, fui para o “sacrifício”. Nem bem tinha entrado n’água quando lá vem o garçom com uma bandeja com duas garrafas de marcas de cervejas diferentes, dois refrigerantes normal e diet, duas garrafas d’água, com gás e sem. Para quem? Para que eu escolhesse o que gostaria.
Só podia ser. Eu estava só na área da piscina. Contrariando minha “vocação” escolhi uma cerveja.... Desceu gostoso.
- O senhor gostaria de um tira-gosto? – disse o garçom.
Achei melhor aceitar, por educação.
Fiquei nesse “vidão” até a hora de começar o futebol. Não vou descrever todo o conforto e atendimento do hotel, mas senti-me como rei. Pelo tratamento, não foi caro.
À noite, conversando com o meu filho através do MSN, fiquei sabendo que o pai de nossa funcionária, na livraria, teria que se ausentar por um tempo, já que seu pai, que mora em Santo Antonio da Platina e é caminhoneiro, sofreu uma tentativa de assalto em São Paulo e levou um tiro, que o cegou e estraçalhou uma parte do cérebro. Está em coma.
Acabou o passeio. Vou direto para Curitiba.

20/04.
Acordei cedo, arrumei a tralha e pé na estrada.
Entre Itumbiara – GO e Prata – MG tem um cruzamento na estrada que leva a Uberlândia. Por lá fui. Pista simples, mas muito boa, conforme o Lusa.
De Uberlândia a Uberaba pista dupla. De Uberaba até a divisa com São Paulo, pista dupla, mas uma porcaria. A moto entrou em um buraco que quase acaba com a viagem. Quando se entra no estado de São Paulo, começa a via Anhanguera. É outra estrada. Como era hora do almoço, não resisti uma placa que dizia: “X-Lingüiça”. O número de carros parado dizia que devia ser bom. E era. Recomendo. Entre Uberaba e Ribeirão Preto. Siga as placas.
Após entupir as veias, só alegria. Curtir a estrada perfeita.
Após Ribeirão Preto iniciaram os pedágios. Lusa, MOTOS NÃO PAGAM..... Passando direto pelos pedágios, segui passando por Cravinhos, Sta. Rita do Passa Quatro, Porto Ferreira, Pirassununga, Leme, Araras, entrando na Rodovia dos Bandeirantes, também perfeita, mas com pedágios.... MAS MOTOS NÃO PAGAM.
Segui até o Rodoanel de São Paulo e entrei na Rodovia da Régis Bittencourt, com pedágio e motos pagam, uma micharia, mas não deviam pagar nada, aliás todos deviam receber para andar os primeiros 100 km. Eles tem coragem de chamar este pedaço de AUTOPISTA. Sem acostamento, sem pista auxiliar.... Uma porcaria. Além do mais, estava naquele pedaço ao anoitecer e com chuva. Já que estava ali, resolvi ir até Registro – SP, a 188 kms de São Paulo. E dá-lhe chuva. Em outra situação, teria ficado em Ribeirão Preto, mas o passeio havia acabado.
Ao chegar ao hotel em Registro, este estava cheio de motociclistas hospedados. Grupos que vinham do Sul, outros grupos que iam para o Sul. Conversei com um grupo de Blumenau que tinha ido a Parati. A curiosidade destes grupos: todos integrantes tinham mais de 40 anos. A maioria rodeando os 50 anos.
Neste dia, rodei 900 kms. O “velhinho” agüenta....

Dia 21/04
Mais 220 kms, sob chuva, e almocei em casa.
Todos estavam me aguardando. Ir é bom, voltar é bom também. Minha esposa, Leyli, meus filhos, Jonas Neto e Vanessa, seus cônjuges, Andréa e Flávio, e meus queridos netos: Benjamin (Andréa/Neto) e Aurora (Vanessa/Flavio).
ÊÊÊÊ VIDA BOA!!!!

Quanto a paçoca de carne-seca, estava uma “paçoca” mesmo. Os potinhos arrebentaram e esparramou pelo bornal. Aproveitou-se um pouco.

Finalizando: Ao final de toda viagem anoto o que aprendi sobre “andar de moto”.
Um dos aprendizados desta já foi apontado como LEMBRETE: Não tossir com a viseira do capacete fechada.
Outro aprendizado: mesmo que seja fã incondicional de cuecas samba-canção, utilize as “tipo zorba”. Principalmente se tiver mais de 40 anos. Explico: Conforme a gente vai envelhecendo, as bolas do saco vão ficando igual relógio cuco: uma mais em cima e outra mais embaixo. Com a samba-canção elas ficam mais soltas e podem ser espremidas, conforme o balanço da moto. A outra segura “os zagueiros” em uma determinada posição, não causando desconfortos.
Outro aprendizado: quando o cabelo começar entrar nos olhos, cuspa na mão, levante a viseira e passe na testa. Puxa e gruda.
Outro aprendizado: um dos problemas para os motociclistas é retirar o dinheiro para pagar o pedágio, principalmente se estiver chovendo. Resolvi grudando moedas em um imã em cima do tanque de combustível. Até as cobradoras de pedágio acharam a idéia boa.
Outro aprendizado: não passar por dentro de ambiente em que são trocados óleos dos caminhões. Fica liso prá caramba. Caí uma vez. Como era um posto de combustível, estava bem devagar.

Pretendo estar presente nos próximos encontros. O próximo é em Fortaleza, segunda quinzena de agosto de 2.010. É covardia.

sábado, 18 de abril de 2009

Curitiba a Brasília - Parte IV

16/04 - Quinta-feira.

Fomos visitar a Feira de Importados. A tal Feira dos Importados é um camelódromo tamanho família. Como tem chinês e evangélico com lojinhas. As mulheres desceram animadas, como crianças em um parque de diversões. Por outro lado, os maridos tinham os olhos esbugalhados, assustados com o que poderia acontecer ali. Pelas “matulas”, o estrago não foi muito grande. Ressalve-se o Farias e o Genésio, que rodaram, rodaram dentro daquele labirinto e foram comprar uma lanterna que dispensa pilhas quando sentaram-se para beber água, já na saída. Ficou combinado que à noite as compras seriam colocadas lado a lado, para ver quem comprou a inutilidade mais inútil. Quase não acreditei. Saí invicto. Não comprei nem a lanterna.
Na saída, uma chuva de fotos. - Só as mulheres. - Agora somente os homens. – Agora sem ninguém.... – De frente.... – De costas....
Aquele bando de terceira idade, com comportamento de segunda infância, sendo observados pelos incrédulos pelos passantes.
Fomos almoçar em um restaurante chamado Pontão. É que tem uma baita de uma ponte ali perto. Fica à beira do lago. A vista é muito linda.
Depois de marchas e contra marchas, para “rachar” a conta, voltamos ao hotel.
Saldo: como o Carneiro não pode ir, o Pancho foi comandando. Faltaram as piadas.
Noite? Bingo.

17/04 – Sexta-feira.

Memorial JK, Esplanada dos Ministérios, Palácio da Alvorada, Ermida Dom Bosco e Restaurante Mangai.
Muitas opções no bufet. Curiosidade: o restaurante pertence a evangélicos e a bebida alcoólica é bastante limitada. Vive cheio. A especialidade é comida nordestina. Estava com saudades, já que em Curitiba não tem um bom mesmo.
Á noite, performances. O Menezes mostrou sua habilidade no pincel. Na parte de heráldica o show foi do Carneiro....
Apresentado um vídeo sobre encontros anteriores e apresentada a candidatura de Fortaleza para 2.010. Ninguém se atreveu a apresentar outra candidatura. A vaia aconteceria, com certeza. Fortaleza foi escolhida por unanimidade. Quem queria votar contra foi colocado para fora da sala. Democracia.
Vou tentar convencer minha esposa a ir.

18/04 – Sábado.

Dia livre. Fui até a SQN 406, em um bom sebo que tem ali. Fui de moto. Andar em Brasília no sábado é tranqüilo. Os engravatados se mandam da “ilha da fantasia” e os subalternos devem se “encruar” em casa.
Almocei com alguns colegas em um restaurante chamado Fulô do Sertão. Comi “baião de quatro”. Comida nordestina. Carne seca desfiada, farofa, feijão de corda e arroz. Sensacional. Dei conta do meu e uma ajuda ao Porto.
Volta ao hotel para assistir Santos x Palmeiras.......
Escrevo enquanto o jogo rola.... Acabou... 2x1. O SANTOS ESTÁ NA FINAL!!!!!!!
Chora Verdão!!!!!!
Para um timinho chinfrim até que fomos longe, né?
Santos... Santos.... Santos....
Devo sair bem cedinho amanhã, domingo.
Vou pelo caminho mais curto. Não existe lugar mais gostoso que a família e a casa da gente.
Mulher, filhos, netos....TÔ VOLTANDO!!!!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Curitiba a Brasília – Parte III

Saída de Goiânia: 10:00 hs – Dia 14/04 – Pista dupla até Brasília. Chegada às 13:00 hs. Ué, cadê meu relógio de pulso? Pôxa, caiu na estrada e nem percebi. Check-in no Hotel Nacional (já foi o melhor de Brasília). Descansar até 20:00 hs.
Coquetel e encontro com os velhos (literalmente) implantadores. A gente olha sabe que conheceu, mas muito mais novo. Pensa: como envelheceram. Eles pensam a mesma coisa da gente. Enfim, é bom ver antigos colegas de trabalho. Lembrar velhas histórias. As mesmas que são contadas em todos os encontros. O Bastantão conta a mesma história todas as vezes que nos encontramos: um tal de Benvindo, que ele reprovou. Mas é o Bastantão.... Quem te viu e quem te vê! Não bebe nada alcoólico. Mesmo assim, parece que está sempre “mamado”. Mas é o Bastantão....
Como é bom ver o David novamente, a Williane... Já compensou o passeio de 1.600 kms. Faria de novo só por este momento. Emerson tá que tá. Parece um pinto no lixo. Também, que esposa gentil ele tem.
Na verdade, sou um dos mais novos neste encontro. Minha turma é de 1980 e só vejo a maioria falar da década de 60/70. Acho que é por isso que sei que já vi, mas não sei os nomes. Tem hora que fico mais por fora que surdo em bingo. Por falar nisso, vai ter bingo hoje a noite. Se nos ouvidos de alguns não for um tipo novo de piercing, tão usando aparelhos para surdez. Tô com dó do cantador.
Carneiro et caterva fizeram uma excelente recepção. Tudo correu muito bem. Foi uma beleza de noite. Boa a maneira de servir as bebidas: não rolou solto e ninguém ficou tchuco. Os que falavam mais alto é que estavam animados mesmo e são assim mesmos. Por não ter intimidade com a maioria, fico mais quieto que guri cagado. Só observando e vendo a felicidade do pessoal: parecem putas em dia de pagamento do quartel.
Todos foram dormir com a certeza que valeu a pena ter vindo.

Dia 15/04 – quinta-feira.
Programa de terceira idade. Fomos ao Catetinho num ônibus em que os passageiros ficam no andar de cima. Acho que o mais novo sou eu (57), então imagine: subir aquelas escadinhas para a maioria é coisa de alguns minutos. As visitas são rápidas, o demorado é o subir e descer do ônibus. Alguns ficaram preocupados, pois somente na parte de baixo tinha motorista......rs,rs,rs.
Sobre o Catetinho: Primeira residência oficial do presidente Juscelino Kubitschek, o Catetinho foi construído em apenas 10 dias, em novembro de 1956, antes mesmo de Brasília ser inaugurada.É um prédio simples, feito de madeira, e conhecido como “Palácio de Tábuas”. Foi planejado sem conforto ou honras oficiais, para que o Presidente não se distanciasse dos trabalhadores, que viviam em barracos e tendas.Abre-se ao visitante a antiga suíte presidencial, a sala de despachos, o quarto dos membros do governo, o quarto de hóspedes e a sala de refeições no térreo.

Segunda parada: Templo da Legião da Boa Vontade. Teve gente que se sentiu energizado lá dentro. Fez as voltas "helicoidais" e sentiu-se outro, espero que melhor e mais novo. Não percebi energização nenhuma. Entrei com duas baterias da máquina fotográfica e saí com elas ainda descarregadas.

Terceira parada: Igreja Dom Bosco. Conheci-a em 1978, quando trabalhava na agëncia de Camacan, na Bahia. Vim a Brasília para serviços do Escai (sistema bancário). Fiquei hospedados em umas pensões da W3 (eram bem mais baratas que hotéis). Tinha esquecido como é linda. Toda azul. Realmente passa uma sensação de paz... mas não é energizante. As baterias continuaram descarregadas.
Projetado por Carlos Alberto Naves. São 80 colunas em Brise-Soleil com 16 m de altura fechando em estilo gótico, com vitrais em 12 tonalidades de azul, simbolizando um céu estrelado. No teto, desenhos de Carlos Alberto Naves, o lustre central de Alvimar Moreira contém 7.400 copos de vidro Murano e 180 lâmpadas pesando 2.600 kg. A cruz mede 8 m, o Cristo de 4,30 m de altura foi esculpido por GOTFREDO TRALLER. A imagem encontrada à direita do altar é de N.Sª. Auxiliadora e à esquerda, de Dom Bosco. Suas portas em chapas de ferro e bronze, gravadas com os temas O sonho profético e congregação de Dom Bosco, 1ª missa, Via Sacra e o próprio Santuário são do escultor Gian Franco Cerri.
Tinha gente tão embevecida que se ajoelhava perante uma estrutura com figuras penduradas. Levantavam-se rapidamente quando percebiam que era andaime para reformas com dois peões trabalhando.

Quarta parada: AABB – almoço. 13:00 hs - Rango do bom. 15 minutos somente para a moçada descer do ônibus. O Carneiro, preocupado como anfitrião, tratava de distrair o pessoal contando histórias da época de implantador. Acho que ele era da época em que se pregava a mesa de agência ao chão.
Volta ao hotel, vamos descansar. Mais tarde, bingo. Coitados dos surdinhos, devem passar batidos.

domingo, 12 de abril de 2009

Curitiba a Brasília de moto - Parte II

Ainda no dia 10/04, depois do infeliz encontro com “seu guarda”, segui pela BR 153, também chamada de Transbrasiliana. Do encontro com a SP 425 até a fronteira com Minas Gerais, onde tem uma cidade chamada Fronteira, tem dois pedágios. Quando se está em uma moto, sozinho com seus pensamentos, tempo para refletir é o que não falta. Aquele pedaço pedagiado da estrada era bom, mas não o suficiente. Apesar de bom, tinha “murunduns” e não tinha pista auxiliar, muito menos duplicação. Afinal de contas, pago IPVA e outros impostos para que o governo me forneça uma estrada, no mínimo, naquelas condições. Procurei curtir o máximo, pois o movimento na estrada era baixo. Passando por São José do Rio Preto, resolvi ali almoçar. Que nada: não tinha nada aberto. Sexta-feira da paixão. Almocei em um restaurante de beira de estrada.
Na divisa com Minas Gerais, no rio Grande, tem a Usina de Marimbondo. Uma construção magnífica. Como as comportas estavam abertas, o espetáculo ficou muito mais bonito. Fotos às pampas.
Uma curiosidade: dentro de grande parte dos brasileiros existe uma vontade enorme de sair por aí de moto. Em todos os lugares que parei, observei que a moto chamava bastante a atenção. No pátio do restaurante panorâmico, de onde se observa a usina, fui cercado por vários “quarentões ou mais” que ficaram interrogando sobre como é viajar assim, se ia a um encontro de motoqueiros, se minha mulher não se incomodava, se..., se... Muita gente está se ressentindo de um pouco de liberdade, pelo jeito.
Logo na divisa dos dois estados uma decepção: para chegar no posto de fiscalização da fronteira, eram uns 300 metros mais horríveis de estrada que já vi em minha vida. Todos trafegavam quase parando e os caminhões pareciam que iam tombar. Fotografei aquele absurdo. Acho que era uma maneira de fiscalizar as molas dos veículos.
Estou em Minas e breve chego a cidade de Frutal. Olho o marcador de quilometragem: exatamente 1.000 km. Até ali rodei 934 km. Os outros 66 kms rodei em Curitiba antes da viagem.
Frutal: fui até onde achei que era o centro da city e fui tomar um sorvete. As duas moças que atenderam foram muito simpáticas. Apontaram e descreveram os hotéis. Preferi um chamado 3 Poderes. Pelas roupas que as moças usavam, pensei: são “crentes”. Na mosca. Posteriormente, conversando no hotel, me disseram que todas as sorveterias pertencem a “crentes”. Acho que é um dos ambientes em que se pode recusar a vender bebidas alcoólicas sem ofender muitos “caras”. Conclusão minha.
À noite, fui assistir a Paixão de Cristo representado por amadores da cidade, tendo como palco o pátio da Matriz. Foi legal. A devoção do pessoal do interior é visível. Muitos choraram.
Pela manhã, dia 11, fui levar a moto para revisão. O pessoal da concessionária me perguntou se eu era da Yamaha. Aproveitei a deixa e menti piedosamente, procurando um tratamento melhor para a Drag. Disse que não, mas estava escrevendo uma reportagem para a revista da Yamaha sobre as condições de viagem de Curitiba a Brasília. Tratamento de king, para mim e a moto. Fiquei um pouco constrangido pela mentirinha, mas durou pouco o constrangimento.
Enquanto a moto recebia seu tratamento vip, fui fazer um congraçamento com os nativos. Andando pela avenida (grande, por sinal) e conversando, fiquei sabendo que a cidade tem uns 70 mil habitantes. Um deles é um tal de Magaiver, que abordei ao ver sua “loja”. Parece um Professor Pardal. Inventa, conserta, remenda.... Tem uma cama redonda que chacoalha, feita por ele. Não sei o porque do chacoalhar. Meio tchuco o cara vomita até as tripas. Para sexo, tem que ter uma pontaria danada. Colocar quando passar. Sabe aquelas coisas antigas, como ferro de brasa, candeeiros, máquinas de costura, etc. Ele tem de monte. Faz adaptações, como colocar uma lâmpada em um candeeiro antigo. As decoradoras de “capitar” fariam a festa.
O que me impressionou foi o atendimento perfeito e educado em todas as lojas que entrei. Balconistas gentis, sorridentes.... Ou são assim mesmo ou teve algum curso de auto-ajuda em vendas recentemente.
Durante o almoço, um senhor, chamado Paulo, filho do dono daquele restaurante, puxou uma conversa longa e contou-me a história da cidade dos habitantes. Disse que tinha uma cantina ali por perto e convidou-me para ir lá à noite para experimentar. Eu pagando, é claro. Fui e era bom. Foi um dos melhores Filé à Parmegianna que degustei. Lugar tranqüilo e pouco movimentado. Frutal me trouxe à lembrança minha vida de implantador do BB.
Estava esquecendo de contar: à tarde, queria assistir o jogo Santos x Palmeiras. DEU SANTOS..... No hotel foi dado o toque: no bar Taco de Ouro tem SKY e eles passam o jogo em um telão. Fui..... eu e metade da cidade. Fiquei espremido no balcão, olhando pra cima, correndo o risco de ter um torcicolo. O lugar é um galpão com umas 8 mesas de sinuca, e acima do balcão, que fica no fundo, um telão. Santistas e palmeirenses juntos, torcendo e sem briga. Agora, a zoeira é demais. Doideira, sô!!! Nesse ambiente faz-se amizade rápidamente, queira ou não, principalmente com aqueles que já vieram turbinados de casa. Gritam no ouvido da gente, para serem ouvidos acima do tumulto. Tinha um cara ao meu lado que só repetia o bordão: - “ce viu o Neymar? Tem só 17 anos...”
Valeu a farra. O Santos deu uma “goleada” de 2x1 no verdão.
Em meus planos constava ficar de domingo para segunda-feira em Itumbiara-GO, para conhecer. Mudei os planos. Levantei-me às 05:30 hs, embalei as tralhas, amarrei na moto e saí às 07:00 hs direto para Goiânia. Numa esticada só, 400 Kms. Cheguei às 12:30 hs. Peguei um pedaço com chuva. Lembrete: nunca tossir com a viseira do capacete fechado: embaça pra caramba. Perto de Prata – MG, tens uns 50 Kms horríveis. Buracos e mais buracos. Depois de andar uns 160 kms após Frutal, pista dupla, na maioria, até Goiânia. Tem lugar que é aquele retão só. É só “enrolar cordinha” e deixar o vento bater. É muito doido, meu!!!!
Estou em um hotel no centro de Goiânia, centro velho, fiquei sabendo depois. Fui almoçar em um shopping, pois tá tudo fechado. Até boteco. Nem banca de jornais abriu. Tá um deserto só. Vi o Corintians bater nos Bambis. Meu filho deve estar feliz. Ele é corintiano. Um pai cria um filho com amor, carinho e bens materiais e o que ele faz? Trai. Vira corintiano. São os percalços da vida. Ainda tenho fé em meu neto.
Amanhã, conhecer os “sebos” de Goiânia. Até!!!
P.S.: Sobre a moto: tem só 1.400 kms rodados. Macia, toca firme..... é nova!!!

sábado, 11 de abril de 2009

Curitiba a Brasília de moto: Parte I

Curitiba a Brasília: viagem de motocicleta.

Motivo da viagem: passear
Desculpa para a viagem: Encontro de ex-implantadores do Banco do Brasil.
Eu tenho que estar em Brasília na terça-feira, dia 14/04, 20:00hs (Hotel Nacional).

Preparação: Mandei revisar a Virago 535, ano 2000. Na última hora, peguei uma Dragstar 2008, 0Km. Estava num preço muito bom. Bom, moto nova não tem o que se preocupar. Tem sim!!! Onde fazer a revisão dos mil km? Se não fizer, a garantia vai pro vinagre. Antes de sair, troco o guidão e os retrovisores da moto. Ficam mais o meu estilo.... estilo de velho. O guidão original me faz ficar arcado, aí não há “cacunda”que resista. Vai doer. Coloco um estilo “horn”. O retrovisor tem que ser trocado para “ornar”. Coloquei o da Virago. Ficou muito bom. Acrescentei um “santo-antonio”, estilo “easy-rider”. Frescura. Digo que é para amarrar a bagagem. Quem assistiu o filme com Peter Fonda e Jack Nicholson entende.
Debruçado em cima do mapa, chego à conclusão: tem que ser em Frutal – MG a revisão. Até lá são 900 km aproximadamente. Marco a revisão para sábado, dia 11/04.

Saí de Curitiba dia 09/04, 09:30 hs. Na saída uma piada: tem uma placa perto do Parque Barigui que marca as distâncias. Diz Apucarana fica a 229 Kms. Brincadeira, né? Apucarana fica há uns 429 kms.
Fui pelo Rodovia do Café por ser a melhor, apesar do Requião dizer que ia oferecer uma estrada alternativa à pedagiada. Ela está bastante duplicada e onde não, tem pista auxiliar. Tranqüilo (sem trema, mas o Word ainda teima em colocar).
Até Londrina uma beleza. Vamos para o social. Minha previsão era dormir em Paraguaçu Paulista, onde mora minha irmã. Como passei cedo em Londrina (14:00 hs) fui dar uma “oi/tchau” pra sogra.
Abasteci a moto e, surpresa, ela estava além das expectativas no quesito consumo. Fiz uma conta “de cabeça” e fez uns 25 km/l. Beleza.
Dormi em Paraguaçu Paulista e, pela manhã, enveredei para Marília. Fica uns 85 Km de P. Paulista. Como tinha rodado 160 kms, toquei em frente. Andei uns 70 Kms e não vi sequer um posto de combustível. Tranqüilo. Mesmo que faça 20km/l sobra. Faltando 12 kms para Marília, pane seca. Fui ver a torneirinha, já estava na reserva. Quer dizer: totalmente sem combustível. Conclusão: a frentista do posto em Londrina, não completou o tanque, por isso que a média foi alta....
Por sorte e um pequeno empurrãozinho, a moto ficou bem em frente a duas instituições: Fumares e FEBEM. Em um pequeno morrinho haviam 2 “menores” capinando. Sem a enxada dava medo, imagina com. Entrei na Fumares, empurrando a moto, pois com aqueles dois com olhar de “queria uma dessas”, além da gasosa, ficaria a pé. Melhor uma instituição que mexe com fumo, que levar fumo dos “menores”.
Fui atendido espetacularmente. Prestativos, atenciosos. Já ligaram para um moto-táxi de Marília para trazer combustível. Enquanto isso, o “gerente” foi me mostrar as instalações. FUMARES quer dizer: Fundação Mariliense de Recuperação Social. Ah! Bom. Isto explica a cara do “porteiro”. Tava passado.
Bonito o trabalho que é feito ali. Comporta 72 em recuperação de drogas, álcool e moradores de rua. São vários alqueires onde criam galinhas...e galos, é claro. Suínos. Tem uns “galalaus” que o “chefão” disse que pesava uns 600 kg. Tem lavoura. Enfim, praticamente auto-sustentável. A gentileza foi tanta que achei que tinha “truta”: vão querer me internar. Tofu... Mas que nada, o pessoal é gente muita boa. O “chefão” escalou um interno para cuidar da minha moto enquanto andávamos. Quando voltei o cara tava na mesma posição, com os olhos fixos na moto. Acho que ele deu alguma respirada quando estávamos fora, mas não parecia.
O moto-táxi chegou, vamos em frente. Ao passar no entorno de Marília, uma descida de uns mil metros, faixa contínua, e eu atrás de uma porcaria de uma Brasília, anos 70, com certeza, andando a 40 km/h. Ultrapasso. O guarda manda parar. Multa.
Continuo mais tarde. Ah!!! E a moto? É uma Dragstar.... e 0Km. Maciaaaaaa!!!!! Confortável.