Ainda no dia 10/04, depois do infeliz encontro com “seu guarda”, segui pela BR 153, também chamada de Transbrasiliana. Do encontro com a SP 425 até a fronteira com Minas Gerais, onde tem uma cidade chamada Fronteira, tem dois pedágios. Quando se está em uma moto, sozinho com seus pensamentos, tempo para refletir é o que não falta. Aquele pedaço pedagiado da estrada era bom, mas não o suficiente. Apesar de bom, tinha “murunduns” e não tinha pista auxiliar, muito menos duplicação. Afinal de contas, pago IPVA e outros impostos para que o governo me forneça uma estrada, no mínimo, naquelas condições. Procurei curtir o máximo, pois o movimento na estrada era baixo. Passando por São José do Rio Preto, resolvi ali almoçar. Que nada: não tinha nada aberto. Sexta-feira da paixão. Almocei em um restaurante de beira de estrada.
Na divisa com Minas Gerais, no rio Grande, tem a Usina de Marimbondo. Uma construção magnífica. Como as comportas estavam abertas, o espetáculo ficou muito mais bonito. Fotos às pampas.
Uma curiosidade: dentro de grande parte dos brasileiros existe uma vontade enorme de sair por aí de moto. Em todos os lugares que parei, observei que a moto chamava bastante a atenção. No pátio do restaurante panorâmico, de onde se observa a usina, fui cercado por vários “quarentões ou mais” que ficaram interrogando sobre como é viajar assim, se ia a um encontro de motoqueiros, se minha mulher não se incomodava, se..., se... Muita gente está se ressentindo de um pouco de liberdade, pelo jeito.
Logo na divisa dos dois estados uma decepção: para chegar no posto de fiscalização da fronteira, eram uns 300 metros mais horríveis de estrada que já vi em minha vida. Todos trafegavam quase parando e os caminhões pareciam que iam tombar. Fotografei aquele absurdo. Acho que era uma maneira de fiscalizar as molas dos veículos.
Estou em Minas e breve chego a cidade de Frutal. Olho o marcador de quilometragem: exatamente 1.000 km. Até ali rodei 934 km. Os outros 66 kms rodei em Curitiba antes da viagem.
Frutal: fui até onde achei que era o centro da city e fui tomar um sorvete. As duas moças que atenderam foram muito simpáticas. Apontaram e descreveram os hotéis. Preferi um chamado 3 Poderes. Pelas roupas que as moças usavam, pensei: são “crentes”. Na mosca. Posteriormente, conversando no hotel, me disseram que todas as sorveterias pertencem a “crentes”. Acho que é um dos ambientes em que se pode recusar a vender bebidas alcoólicas sem ofender muitos “caras”. Conclusão minha.
À noite, fui assistir a Paixão de Cristo representado por amadores da cidade, tendo como palco o pátio da Matriz. Foi legal. A devoção do pessoal do interior é visível. Muitos choraram.
Pela manhã, dia 11, fui levar a moto para revisão. O pessoal da concessionária me perguntou se eu era da Yamaha. Aproveitei a deixa e menti piedosamente, procurando um tratamento melhor para a Drag. Disse que não, mas estava escrevendo uma reportagem para a revista da Yamaha sobre as condições de viagem de Curitiba a Brasília. Tratamento de king, para mim e a moto. Fiquei um pouco constrangido pela mentirinha, mas durou pouco o constrangimento.
Enquanto a moto recebia seu tratamento vip, fui fazer um congraçamento com os nativos. Andando pela avenida (grande, por sinal) e conversando, fiquei sabendo que a cidade tem uns 70 mil habitantes. Um deles é um tal de Magaiver, que abordei ao ver sua “loja”. Parece um Professor Pardal. Inventa, conserta, remenda.... Tem uma cama redonda que chacoalha, feita por ele. Não sei o porque do chacoalhar. Meio tchuco o cara vomita até as tripas. Para sexo, tem que ter uma pontaria danada. Colocar quando passar. Sabe aquelas coisas antigas, como ferro de brasa, candeeiros, máquinas de costura, etc. Ele tem de monte. Faz adaptações, como colocar uma lâmpada em um candeeiro antigo. As decoradoras de “capitar” fariam a festa.
O que me impressionou foi o atendimento perfeito e educado em todas as lojas que entrei. Balconistas gentis, sorridentes.... Ou são assim mesmo ou teve algum curso de auto-ajuda em vendas recentemente.
Durante o almoço, um senhor, chamado Paulo, filho do dono daquele restaurante, puxou uma conversa longa e contou-me a história da cidade dos habitantes. Disse que tinha uma cantina ali por perto e convidou-me para ir lá à noite para experimentar. Eu pagando, é claro. Fui e era bom. Foi um dos melhores Filé à Parmegianna que degustei. Lugar tranqüilo e pouco movimentado. Frutal me trouxe à lembrança minha vida de implantador do BB.
Estava esquecendo de contar: à tarde, queria assistir o jogo Santos x Palmeiras. DEU SANTOS..... No hotel foi dado o toque: no bar Taco de Ouro tem SKY e eles passam o jogo em um telão. Fui..... eu e metade da cidade. Fiquei espremido no balcão, olhando pra cima, correndo o risco de ter um torcicolo. O lugar é um galpão com umas 8 mesas de sinuca, e acima do balcão, que fica no fundo, um telão. Santistas e palmeirenses juntos, torcendo e sem briga. Agora, a zoeira é demais. Doideira, sô!!! Nesse ambiente faz-se amizade rápidamente, queira ou não, principalmente com aqueles que já vieram turbinados de casa. Gritam no ouvido da gente, para serem ouvidos acima do tumulto. Tinha um cara ao meu lado que só repetia o bordão: - “ce viu o Neymar? Tem só 17 anos...”
Valeu a farra. O Santos deu uma “goleada” de 2x1 no verdão.
Em meus planos constava ficar de domingo para segunda-feira em Itumbiara-GO, para conhecer. Mudei os planos. Levantei-me às 05:30 hs, embalei as tralhas, amarrei na moto e saí às 07:00 hs direto para Goiânia. Numa esticada só, 400 Kms. Cheguei às 12:30 hs. Peguei um pedaço com chuva. Lembrete: nunca tossir com a viseira do capacete fechado: embaça pra caramba. Perto de Prata – MG, tens uns 50 Kms horríveis. Buracos e mais buracos. Depois de andar uns 160 kms após Frutal, pista dupla, na maioria, até Goiânia. Tem lugar que é aquele retão só. É só “enrolar cordinha” e deixar o vento bater. É muito doido, meu!!!!
Estou em um hotel no centro de Goiânia, centro velho, fiquei sabendo depois. Fui almoçar em um shopping, pois tá tudo fechado. Até boteco. Nem banca de jornais abriu. Tá um deserto só. Vi o Corintians bater nos Bambis. Meu filho deve estar feliz. Ele é corintiano. Um pai cria um filho com amor, carinho e bens materiais e o que ele faz? Trai. Vira corintiano. São os percalços da vida. Ainda tenho fé em meu neto.
Amanhã, conhecer os “sebos” de Goiânia. Até!!!
P.S.: Sobre a moto: tem só 1.400 kms rodados. Macia, toca firme..... é nova!!!
domingo, 12 de abril de 2009
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